20 Abril 2011. Solicitámos despertar
para essa manhã. Às 07h30 alguém bate e grita à porta “Hello Sir! Wake up
time!”.
Saída para visita ao Tiger Nest um dos
mais icónicos mosteiros do Butão. Foi construído no século XVII numa escarpa a
300 metros de altura. É considerado um dos 10 templos mais sagrados do mundo
budista
Acabámos por não efectuar a subida, que
demora cerca de 4 horas. O mosteiro está a 3.100 m de altitude, pelo que o
andamento é bastante lento. Optámos por visitar uma escola e uma casa
particular, que de outra forma não haveria tempo.
Após uma dura negociação com o director
da escola, lá obtivemos autorização para visitar a aula de informática do 8º
ano de escolaridade. Os 30 alunos ficaram com muita vergonha. Assim que o
professor entra na sala os alunos levantam-se e sentam-se apenas à ordem. Para
quebrar o gelo apresentamo-nos e perguntámos se sabiam onde era Portugal. Um
dos alunos pôs logo o braço no ar. “ Fica na Europa ao lado de Espanha”. E logo
de seguida a conversa deriva para o Cristiano Ronaldo. Aqui todas as lições são
dadas em inglês, desde a 1ª classe. Apenas existe uma disciplina de língua
materna. O objectivo é formar bilingues em inglês para receber bem os futuros
turistas e para permitir entradas fáceis em universidades espalhadas pelo
mundo. A escola tinha aspecto de novo, como quase todas as que vimos. O
dinheiro do turismo é todo aplicado na saúde e na educação ambos gratuitos para
os butaneses.
Visita a um templo sagrado, sendo que é
o único sítio do mundo à altitude a que estamos, mais de 2.500 metros, com 2
laranjeiras. Oferta de 10 Rp ao Buda e o monge oferece uma água amarela com sabor
a cânfora. Deve beber-se na palma da mão e depois passar a mão pelo cabelo e
pescoço. Estamos abençoados!
Depois do almoço, visita a casa de uma
família de agricultores. Pessoas muito humildes e simples. Nem uma palavra de
inglês. Casa tipicamente butanesa, feita de tijolos de lama, madeira e palha.
Não existe decoração interior ou móveis. A única “decoração” que vimos, foram
posters do Batista do wrestling e imagens de calendários antigos. Oferecem-nos
arroz tostado e seco, misturado com manteiga feita por eles. Já nem me lembrava
do sabor da verdadeira manteiga…! Depois aparece um tacho com ARA, que é uma
bebida alcoólica feita de arroz ou milho fermentado. Fomos considerados convidados
especiais, pelo que a ARA foi servida com farripas de ovo frito e misturada com
manteiga. Bebe-se quente. Não foi a grande paixão da Ana. Eu bebi duas
tacinhas…! Foram tão simpáticos que me ofereceram sementes de malaguetas para
trazer.
Regresso a Paro. Passámos por um sr, que
cortava ossos aos pedacinhos, entre centenas de moscas. Pensei que seria comida
para os cães. Afinal são ossos secos, que se guardam para durante o inverno
para fazer sopa e aproveitar o tutano. Apesar das moscas a sopa deve ser
deliciosa, mas não havia para provar.
Pela primeira vez o guia veio juntar-se
a nós durante o jantar. Possivelmente por ser a última noite. Dissemos ao
motorista para vir também, mas no hotel não deixaram. Foi a única coisa que me
desagradou no Butão. Jantámos rapidamente para nos juntarmos a ele. Fumámos uns
cigarros juntos e acabou por ficar com os maços sobrantes. Despedidas, troca de
contactos, porque o transfer às 05H00 era assegurado pelo hotel.
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